sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Roupa suja se lava em casa!

Que a gestão de Carla Dualib à frente do marketing do Corinthians foi uma tragédia para o clube e uma fonte inesgotável de dinheiro para ela, todo corinthiano sabe. Mas é preciso ir mais a fundo, resgatando informações e reavaliando o que houve no passado recente do Timão, para entender o porquê de a neta de seu Alberto Dualib, ex-presidente do Corinthians,
depois de meses desaparecida, ter ressurgido agora na imprensa lançando o livro "Salvem o Corinthians”.

Formada em desenho industrial e administração de empresas, Carla chegou ao Corinthians em 1999 para trabalhar com o fundo HMTF. Em 2002, fundou a SMA (Sports Marketing Agency), empresa que passou a prestar serviços para o Corinthians e mais que isso, para times rivais como Santos, São Paulo, Cruzeiro, tendo negociado até com o Palmeiras.
Se lembrarmos que Carla é conselheira vitalícia do Corinthians (por indicação do avô), o conflito de interesses e os problemas éticos parecem intermináveis. Como conselheira, ela tem poder de voto nas decisões do clube, ao mesmo tempo em que prestava serviços (muito bem) remunerados à entidade. Como conselheira, ela não deveria ter relação com times adversários do alvinegro paulista. Carla afirma que isso é profissionalismo. À torcida soa mais como ambição. Como é possível atuar numa área tão estratégica como o marketing em clubes diretamente rivais?
É algo que nunca saberemos, assim como provavelmente jamais teremos a noção exata da fortuna que Carla faturou sob asbarbas de vovô Dualib. Em janeiro de 2005 reportagem publicada pelo jornal "Folha de S. Paulo" e, claro, refutada pelo então presidente e por sua neta– fala em negócios que chegam a R$ 6,1 milhões. Dualib sempre afirmou que Carla não ganhava salário, "apenas" as comissões sobre os negócios que fechasse, mas essa mesma matéria fala em verba deR$ 38 mil mensais.
Outra reportagem, de maio de 2007, afirma: "Corinthians paga e não fatura com marketing". De acordo com o jornal, o clube havia pago em 2006 à empresa de Carla mais do que havia arrecadado com os licenciamentos de produtos e franquias trabalho coordenado por ela. "Segundo o balanço corinthiano, o clube do Parque São Jorge amealhou R$ 761 mil de parceiros que associaram a marca do time a seus produtos e serviços. No mesmo período, a agência de marketing da neta de Dualib recebeu do Corinthians R$ 763 mil." Neste mesmo dia, a "Folha" publicou ainda uma declaração
de Carla: "Levei muito negócio ao clube, mas só me enxergam como neta do
presidente. Tenho sido boazinha, devem um bocado de dinheiro para mim”.
Outra reportagem afirma: "Comandado por Carla Dualib, o departamento de marketing corinthiano consumiu de janeiro a setembro do ano passado [2004] R$ 835 mil. O valor está registrado no balanço do clube, apresentado e aprovado pelos conselheiros em dezembro. A quantia é cerca de 30 vezes superior ao gasto pela área de propaganda do Palmeiras, seu
maior rival, durante o ano inteiro".
Não havia limites para a ambição da neta de Dualib. Seus problemas começaram com a chegada da MSI, que seis meses após fechar parceria com o Corinthians assumiu todos os contratos e entrou em conflito direto com Carla. Nessa época, ela chegou a cobrar a porcentagem que, segundo ela, lhe cabia do acordo com a Sansung: "simbólicos" US$ 2 milhões. A empresa de Carla continuou a lucrar com o clube sim, mesmo com a crise financeira e, sim, mesmo sem contrato.
Reportagem da mesma "Folha de S. Paulo", de novembro de 2006, afirma que ela seguia comandando as negociações de produtos licenciados e patrocínios. "Só nas últimas semanas, sua agência de marketing esportivo, a SMA, faturou R$ 866 mil em comissões da Nike e da Abril." Além de faturar entre 10% e 20% nos acordos de licenciamento e patrocínios, Carla ainda ganhava em cima da franquia de escolinhas de futebol "Chute inicial" (15%).

Recentemente, o presidente Andrés Sanchez mandou sustar três títulos em nome da SMA, afirmando desconhecer o pagamento da dívida. Carla havia apresentado em um banco a cobrança, que soma R$ 1,5 milhão. O Corinthians conseguiu na Justiça liminar sustando os títulos até que o caso seja julgado, alegando não reconhecer suposta dívida. Ou seja, mesmo fora do Corinthians, Carla Dualib não se cansa de tentar faturar.
Segundo entrevista dada por ela na semana passada, sua empresa de marketing está "inativa". Ela diz que paga aluguel e que não tem como bancar o colégio dos filhos. Para completar, quer conseguir do Corinthians em ação judicial outros R$ 10 milhões, ainda por não ter recebido valores referentes a acordos que intermediou.
Como conselheira vitalícia do clube, ela poderia colaborar, ajudar, trazer projetos. Quando estávamos caindo para a Série B, onde ela estava?
Quando estávamos tentando solucionar os problemas do clube, onde ela estava? Agora, ressurgiu primeiro para sacar R$ 1,5 milhão e depois para lançar um livro que, mais uma vez explora a imagem do Corinthians. Se tem algo a dizer, se tem denúncias a fazer, favor dirigir-se ao Ministério Público, onde é lugar de tratar assuntos de polícia. No nosso Sport Club Corinthians Paulista queremos honestidade, idoneidade e profissionalismo de verdade, praticado por gente que trabalha para que o clube fature milhões. Não eles próprios.

Um comentário:

Craudio disse...

Essa roupa aí deveria ter outro fim...