Departamento Jurídico do Corinthians era estático, diz vice

Sérgio Alvarenga, vice-presidente Jurídico do Timão, falou ao Informativo da Fiel sobre os graves problemas judiciais que o clube vem tendo que solucionar, uma das heranças deixadas pela gestão de Alberto Dualib e Nesi Curi. Alvarenga enumera as dificuldades encontradas ao assumir a função de vice e destaca a situação grave que o Corinthians enfrentava em alguns casos, como os problemas com o Lyon e com o ex-técnico Daniel Passarella. Leia abaixo trechos da entrevista.

Informativo - Como foi assumir o jurídico do Corinthians e em que situação se encontrava o clube quando sua gestão teve início?
Sérgio Alvarenga - Encontramos um departamento extremamente caro e estático. Atuava mecanicamente, apenas quando solicitado. Não interagia com os demais departamentos e só era chamado para apagar incêndios em andamento. A orientação superior sempre era a de protelar ao máximo a solução do problema, sem preocupação com as nocivas conseqüências futuras desta postura. Ocorre que, mais cedo, ou mais tarde, a possibilidade de adiar a solução de um problema chega ao fim. Sendo direto: quanto mais tempo se retarda o pagamento de uma dívida, maior ela ficará, por conta dos acréscimos de juros, multas e assim por diante.

Informativo - Pode falar sobre as maiores dificuldades e como tem trabalhado para resolver todas as crises, sendo que a dívida do clube permanece alta e não há tanto dinheiro disponível?

Alvarenga - Logo que assumimos, nos deparamos com dois casos em gravíssima situação: Lyon e Passarela. Em ambos não era cabível mais qualquer recurso. Estávamos na iminência da aplicação de punições pela Fifa e fomos obrigados a fazer acordos por valores bem maiores do que os débitos iniciais. Nessas circunstâncias a margem para negociação é muito pequena, pois o credor sabe que você está com a corda no pescoço. Além do mais, essa política de postergação traz prejuízos à imagem do clube, pessoas sérias não têm interesse em negociar com um mau pagador. Nesse contexto, tinha a convicção de que as minhas maiores missões ao assumir o departamento eram duas: a) a formação de uma nova equipe, mais barata, mais jovem, mais ativa; e b) a mudança da postura do departamento, para agir, dentro das possibilidades, de forma menos imediata, mais preocupado com o resultado final. Penso que as missões estão sendo cumpridas. Estamos fazendo também um trabalho preventivo junto aos demais departamentos, estabelecendo “cartilhas” com padrões de comportamentos mais prudentes e que geram menos riscos futuros. Assim já fizemos com o departamento de futebol, evidentemente o mais oneroso. E em breve faremos com os demais.

Informativo - Sobre o caso Leão: de quanto é a dívida total e como foi a negociação?

Alvarenga - Já formalizamos um acordo com o Leão. O pagamento será parcelado. O acordo tem cláusula de confidencialidade, o que impede a divulgação de seus termos. Sei que a imprensa já divulgou, mas eu não posso faze-lo.

Observação do Info: Segundo a imprensa, o valor fechado foi de R$ 1,25 milhão.

Informativo - Outro técnico que estava processando o clube era o Passarella. Em que pé está essa ação?

Alvarenga - Após diversas reuniões com o advogado do Passarella, conseguimos também um bom parcelamento desta dívida. Com isto, a preocupante ação na Fifa foi suspensa.
O caso agora saiu do Jurídico, está no Financeiro para pagamento das prestações.

Informativo - Quanto à MSI, a parceria já foi oficialmente encerrada ou ainda está na Justiça? Existe alguma possibilidade de o Corinthians ter de pagar algo nesse caso?

Alvarenga - A parceria está encerrada de pleno Direito. O Corinthians notificou a MSI da rescisão. Em tese, é possível que a MSI, caso se sinta no direito, pleiteie alguma eventual dívida da época em que o contrato estava em vigor. Acho pouco provável. Mas em tese é possível.

Informativo - Como está a negociação do caso Lyon/Nilmar?
Alvarenga - Aqui também foi feito um parcelamento para pagamento e suspensão da ação na Fifa. O caso está no Financeiro para cumprimento do ajuste.

Informativo - Carla Dualib afirmou recentemente que o clube deve dinheiro a ela e que iria processar. Pode falar sobre isso?
Alvarenga - Só tive notícia desse fato pela imprensa. Ainda não temos conhecimento de qualquer ação proposta por Carla Dualib. Ao menos por enquanto, não tenho ciência de qualquer débito do Corinthians.

Informativo - Entre os jogadores, gostaria de saber sobre o caso Marcelinho, que chegou devendo dinheiro ao Corinthians e saiu no lucro.
Alvarenga - Essa questão foi encaminhada pela gestão anterior. Com relação ao Marcelinho, vamos estudar a possibilidade de eventual ressarcimento ao clube.
Mas é preciso prudência. Toda ação tem custos e gera riscos de um possível prejuízo ainda maior.