sexta-feira, 6 de junho de 2008

TORCEDOR NO SEU DIREITO

Para abrigar os direitos e deveres do torcedor, foi sancionada em 2003 a Lei 10.671 – o Estatuto do Torcedor. No entanto, a lei nem sempre é cumprida e o torcedor continua sendo desrespeitado nos estádios do Brasil.
No último jogo da semifinal da Copa do Brasil, dia 28 de maio, mais um fato de desrespeito ao torcedor ocorreu. André Luis Vedovate, 32 anos, conhecido como Dedé, sofreu ao tentar entrar no Estádio do Morumbi para assistir à partida entre Corinthians x Botafogo. Dedé é portador de deficiência física e, mesmo cadastrado na Federação Paulista de Futebol, foi impedido pela Polícia
Militar de entrar pelo portão 17 do estádio – que dá acesso aos deficientes físicos – por trajar roupa da torcida organizada Gaviões da Fiel.

Indignado com a postura do Policial Militar que o barrou, André se despiu em frente ao portão 17 e ficou só de fralda por cerca de 50 minutos, aguardando sua situação ser resolvida. Um tenente da Polícia Militar se aproximou, pediu para que se vestisse e permitiu sua entrada. Essa atitude afronta o expresso no parágrafo único do artigo 13, do Estatuto do Torcedor, que diz:
"Será assegurado acessibilidade ao torcedor portador de deficiência ou com mobilidade reduzida". Se o único acesso do estádio para o deficiente é o portão 17, André não poderia ter sua entrada bloqueada.
O Informativo da Fiel entrou em contato com ele, que prontamente respondeu a algumas questões:

IF: Foi a primeira vez que se sentiu desrespeitado ao ir ao estádio?
AL: Não foi a primeira vez, não. Várias vezes já me senti assim, inclusive no Pacaembu.
IF:Pode relatar outros ocorridos?
AL: Não deixam entrar com acompanhante ou colocar o carro dentro do estacionamento do estádio. A Polícia Militar não dá espaço nem para pleitear o estacionamento ou conversar a respeito. Também não ajudam a me locomover ou descer a rampa de acesso, já que não
permitem a entrada do acompanhante.

IF: O Estatuto do Torcedor prevê, em seu artigo 27 que "a entidade responsável pela organização da competição e a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo solicitarão formalmente, direto ou mediante convênio, ao Poder Público competente: II - meio de
transporte, ainda que oneroso, para condução de idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência física aos estádios, partindo de locais de fácil acesso, previamente determinados." Você tem conhecimento se isso acontece na prática?
AL: Não tenho conhecimento disso não. Nunca vi ninguém utilizar um meio de transporte exclusivo para a ida ao estádio.

IF: Você tomou alguma providência a respeito do ocorrido no jogo do dia 28/05?
AL: Sim. Eu fiz uma denúncia na Corregedoria da PM, um Boletim de Ocorrência na 70º Delegacia de Polícia e mandei e-mail ao Coronel Marinho [Presidente da Comissão de Árbitros de São Paulo e membro efetivo da Comissão Nacional de Prevenção da Violência para a
Segurança dos Espetáculos Esportivos – Comissão Paz no Esporte e à Federação Paulista de Futebol.
IF: Já obteve resposta a respeito de alguma das providências tomadas?
AL: Sim. O Coronel Marinho me respondeu lamentando pelo ocorrido e dizendo ter encaminhado o e-mail ao Cmt do 2ºBPChq. Tem. Cel. PM Botelho para que não haja mais problemas na entrada do deficiente físico cadastrado, com roupa da torcida organizada no setor de deficientes dos estádios.

IF: Você continuará indo ao estádio?
AL: Claro! Quarta-feira estarei lá e vou para Recife também, ver o jogo da final da Copa do Brasil.

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